Gangue dos faróis altos


   A noite estava calma, e dirigir em uma noite assim era perfeito, sem o stresse de uma avenida lotada, Marlon estava em direção ao aeroporto precisava fazer uma viagem, seu irmão o acompanhava, mas não iriam viajar juntos.

- Eu pretendo não demorar muito, você vai ficar e pensa no que eu te falei, é só o que falta para você ser aceito. – Marlon falava para Mário que olhava a estrada pensativo. – Mário, tá me ouvindo?

- Sim, eu vou fazer o que for preciso.

- Ótimo. – Marlon estacionou o carro desceu e tirou as malas. – Está na minha hora.

- Diga a nossa mãe que estou com saudades e que tudo vai sair bem na cirurgia. – Mário assumiu o controle do carro.

- Deixa comigo. – Marlon se despediu do irmão e foi pra sala de espera, Mário encostou a cabeça no volante e ficou assim alguns minutos.

Avenida central – Direção ao lado norte

- E o que você acha que eu faço o dia todo fora de casa? Que eu fico brincando?

- Solta o meu braço Jonas, não esta vendo que você esta assustando a criança. – Ingrid gritava pro marido. – Presta atenção na estrada.

- Prestar atenção? Atenção? – Jonas segurou Ingrid pelos cabelos com uma mão.

- Me solta. – Ela tentava se libertar enquanto a criança chorava.

- Quer saber, da o fora, já estou de saco cheio de vocês. - Jonas parou o carro bruscamente.

- O que é isso? O que você está fazendo? – Ele desceu do carro abriu a porta traseira e pegou a criança que chorava descontrolada.

- Solta ela seu desgraçado, solta. – Ingrid partiu pra cima dele e pegou a filha.

- Usa o choro dela pra pedir carona. – Entrou no carro e deu partida, sumiu na estrada deixando as duas para trás.

- Desgraçado, vamos ver o que você vai fazer quando eu contar pra policia o que você andou aprontando. – Gritou no meio da pista.

Avenida central direção ao lado sul

   Mário sabia o que tinha que fazer e não tinha escolha estava sendo pressionado, ele acelerou e não se importou com o limite de velocidade, a estrada estava deserta e a velocidade era a coisa que menos importava naquele momento, na verdade nada mais importava. Em menos de 5 minutos Mário e Jonas se cruzariam na estrada.

   A estrada estava deserta e tranquila e ele queria chegar o mais rápido possível em casa, próximo ao cruzamento outro carro se aproximava no sentido contrário com os faróis apagados, se cruzaram.

- Idiota, vai acabar causando um acidente. – Pensou, então piscou os faróis para alertar o motorista.

   Após ultrapassá-lo o carro que foi avisado fez um movimento brusco e passou para a mesma pista do carro que o avisou, acelerou em sua direção acendendo os faróis, ele olhou pelo retrovisor e viu que o carro se aproximava cada vez mais.

- O que será agora? – O carro estava próximo, acelerou e ficaram lado a lado. – O que foi? O que você quer? – Ele gritou. – O carro investiu contra ele.

- Droga. – Ele acelerou o carro e tentou fugir, o outro carro o perseguia piscando os faróis, em determinado momento ficaram lado a lado novamente e uma tentativa de jogá-lo para fora da estrada começou, as investidas continuaram até que próximo a um desvio o carro capotou e foi jogado para fora da estrada, o carro que continuava na pista parou e depois de algum tempo seu motorista desceu, pegou o celular e discou um número.

- Marlon, só estou ligando para informar que o ritual de iniciação está completo. - Olhou para o caminho que o carro fez, pedaços do corpo de Jonas enfeitavam a estrada.

   Alguns motoristas têm o hábito de dar sinal com o farol para companheiros de estrada que vem com o farol de seu carro apagado, membros de uma gangue andam com seus faróis apagados e quando alguém os acende para avisá-los tem início uma perseguição em que o resultado final é a morte. Esse método é usado por muitas gangues como ritual de iniciação.
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