Partida de Paintball



- Que horas vocês vão chegar?

- Não se preocupa mãe, antes das seis nós já estaremos em casa.

- Tome conta de seu irmão, eu estou avisando Paulo.

- Eu vou tomar conta do Plínio, prometo. – Eles pegaram as mochilas e saíram enquanto sua mãe continuava falando. – Tchau mãe.

- Tchau mãe. – Plínio falou da porta. – Era a primeira vez de Plínio em um campo de Paintball, estava ansioso, o smartphone de Paulo vibrou e ele atendeu.

- Oi, já estou pegando o ônibus. – Paulo acenou para um ônibus que se aproxima e entrou com Plínio. – Tudo bem, em menos de 15 minutos vamos estar ai, certo, até mais.

Paulo olhou para Plínio e passou o braço em torno de seu pescoço deixando ele imobilizado.

- E ai moleque, pronto pra levar uns tiros?

- Não, não. – Plínio tentava se proteger. – Você vai me defender. – Paulo soltou o irmão.

- Claro, eu vou sim, só escuta, no campo você vai ficar junto comigo e não esquece isso, não tira a máscara de proteção por nada e se quiser parar por algum motivo, é só levantar a arma acima da cabeça e gritar neutro, entendeu?

- Sim. - Plínio concordou, estava muito ansioso.

- No campo tem um local chamado zona neutra, eu vou mostrar aonde fica, lá ninguém pode atingir você, lá não rola tiro, qualquer coisa corre pra lá. – Plínio escutou o irmão atentamente que seguia com outras informações e antes do esperado estavam no campo de Paintball.

- Nossa já era hora. – Lucas, um amigo de Paulo se aproximou. – O outro time já está colocando os equipamentos, vai ser mata-mata, quatro partidas de dez minutos cada, no final vamos somar e o grupo que tiver eliminado o maior número de adversários é o vencedor.

- Certo. – Paulo colocou a mão no ombro de Plínio colocando ele a sua frente. – Nossa mascote, e antes que você fale alguma coisa, sim ele já completou dez anos.

- Tudo bem, você já está por dentro das regras não é Plínio?

-Sim Lucas. – Os três seguiram para colocar os equipamentos e dar início à partida.

- Serão cem tiros para cada jogador. – Explicou Lucas, enquanto Paulo ajudava Plínio a colocar os equipamentos.

- Mas por esse preço não seriam só cinquenta tiros? – Paulo achou estranho.

- É uma promoção, parece que a munição é daquela mesma leva que a policia federal apreendeu saca, tipo contrabandeada, só que algumas não foram apreendidas, algo assim.

 - Tudo bem.

  Eles seguiram para o combate enquanto o outro time esperava o sinal para o início da partida do outro lado da quadra, o sinal soou e eles entraram na quadra, do outro lado do campo o time adversário também entrava no cenário, minutos antes do início da partida o time adversário aproveitou um descuido do juiz e tomaram alguns comprimidos, drogas, para aproveitar ao máximo a experiência.

- Fica perto de mim Plínio. – O irmão estava próximo a ele, a surpresa veio de cima um dos adversários pulou e arriscou um tiro de longe, passou rente a cabeça de Paulo. – Abaixa! Abaixa e vai pra trás dos pneus Plínio. – O Atirador do time adversário então gritou.

- Plínio, Plínio vou pegar você noob. – Ele parecia um louco, os seus companheiros de time também, pareciam animais enfurecidos, dois atiravam sem parar na direção de Plínio, Paulo e Lucas, enquanto um deles avançava na direção em que eles estavam.

- E agora Paulo? – Plínio estava atrás de uma parede de pneus.

- Fica ai e quando eu e o Lucas partirmos pra cima você corre para trás daquele carro. – Certo.
Lucas e Paulo saíram por lados opostos da parede onde estavam escondidos com as armas em punho na direção dos atiradores enquanto eles recarregavam as armas.

- Se liga porra lá vêm eles. – Gritou um que havia acabado de recarregar sua arma e partia na direção de Paulo atirando. – Porra meu irmão acabou o gás, acabou o gás. – Paulo então começou a disparar, enquanto Lucas também disparava no outro adversário, os tiros deles foram certeiros Paulo atingiu várias partes do corpo do adversário enquanto Lucas com uma ótima pontaria conseguiu acertar dez tiros no pescoço, por extinto os dois ficaram escondidos atrás de uma parede esperando ouvir o grito de neutro, mas não ouviram, gritos encheram o local.

- Esses idiotas estão ficando loucos? – Falou Lucas. – Vêm. – Eles se aproximaram dos adversários e viram que os dois agonizavam no chão, sangue tingiu a terra, eles tinham longos cacos de vidro cravados em seus corpos.

- Ai meu Deus, agente fez isso? – Perguntou Paulo enquanto abria o tanque de recarga tremendo. – Não, olha só são bolinhas normais.

  Lucas estava incrédulo apontou para a parede e fez vários disparos, as balas se romperam com o impacto e o liquido em contato com o ar formava pedaços afiados de vidros.

- Onde está o Plínio?

- Droga ele devia estar aqui. – Paulo correu.

- Ferido real, ferido real. – Gritava Lucas enquanto corria pelo campo, Plínio não estava onde disseram para ele ficar, vem vamos por aqui. – Ferido real, ferido real. – O juiz estava caído mais a frente junto com alguns jogadores, achando que aquilo era efeito das drogas o time adversário prosseguiu atirando sem piedade em todos que estavam na sua frente.

- Plínio, Plínio. – Um dos oponentes chamava pelo menino.

- Neutro, neutro. – Era Plínio, e logo em seguida tiros.

- Droga! Plínio! Plínio! – Paulo e Lucas correram na direção dos tiros.

  Foi tarde demais, quando eles chegaram o corpo estava imóvel no chão dentro de uma poça de sangue, Plínio tremia olhando para o adversário morto sem acreditar no que via.

  Um grupo de amigos marca uma partida de Paintball para passar o tempo, o proprietário do campo adquire munição contrabandeada que foi feita com matéria prima de qualidade inferior e produtos complementares, a substância das cápsulas quando em contato com o ar se cristaliza formando longas farpas tão afiadas quanto vidro, todos só descobrem isso quando é tarde demais.  
Comentários
3 Comentários

3 comentários: