Iladar: A trilha - Parte Final

- Alô.

- Paolo eu estive pesquisando e depois de outra conversa com minha avó descobri que talvez tenha um modo de se livrar da maldição.

- Como?

- Você tem passar ela adiante, eu vi em um site que você deve banhar o objeto amaldiçoado em ouro e presentear uma pessoa, a pessoa deve aceitar formalmente, mas sua corrente é de ouro então podemos pular a parte do banhar em ouro eu acho.

- E por que ela não falou isso antes?

- Por medo, a pessoa que receber o presente irá sofrer e penar eternamente no inferno e você será o responsável por isso, no caso nós, estamos nisso juntos.

- Eu estou indo para a trilha, não me pergunta por que, só sei que devo ir.

- Vou avisar a Anne, agente te encontra lá.

  Paolo estava concentrado na estrada quando sentiu um forte golpe no lado direito do carro, como se alguém tentasse jogá-lo para fora da estrada, ele aumentou a velocidade, novas investidas o carro rodou e bateu em uma árvore.

- vai ter que fazer melhor que isso se quer me levar com uma passagem só de ida para o inferno. – Gritou Paolo para a estrada vazia.
 Ele deixou o carro onde estava e correu para a trilha, o medo corria em suas veias, mas algo o chamava, minutos depois chegou e ficou olhando para o lugar onde tudo aconteceu, seus pensamentos foram interrompidos por Anne que chegou um pouco depois dele ao local.

- Anne? Nossa você me assustou, onde está o Job?

- Desculpa, ele está estacionando o carro e me mandou vir na frente, por que você veio pra esse lugar?

- Algo me diz que devo estar aqui. – Anne sentou próximo a ele.

- Sabe, eu acabei o namoro com o Vinny, não iria mais dar certo depois de tudo...

- Acabou mesmo?

- Sim, eu acho que estou gostando de outra pessoa. – Ela aproximou o rosto do dele e o beijou, Paolo não conseguia acreditar que aquilo estivesse acontecendo, era mais fácil crer que o demônio estava prestes a levá-lo para o inferno a crer que Anne sentia algo por ele.

- O que foi isso?

- Vamos descobrir depois que tudo isso tiver acabado certo? – Ela colocou o dedo indicador nos lábios dele.

- Tudo bem, olha. - Paolo pegou o anel que ele costumava usar na corrente tirou do dedo e deu para Anne. – Toma é seu, ele sempre me deu sorte.

- Têm certeza?

- Claro de todo o meu coração.

- Eu sempre achei ele lindo, obrigada.

  Anne pegou o anel e colocou no dedo, ela encostou a cabeça em seu ombro e o tempo parecia ter parado, um momento mágico, e por um segundo eles chegaram a esquecer de tudo que vinha acontecendo.

- Ou! Pessoal to interrompendo algo?

- Não Job, claro que não. – Ela riu.

- Sim então, como eu tinha te dito Paolo você têm que passar a maldição adiante, mas já sabe o que vai acontecer.

- Sim a pessoa a quem eu der a corrente não terá salvação.

- Então temos que achar alguém que mereça isso, mais onde achar uma pessoa...  – Faróis irromperam da escuridão, ferindo os olhos deles, a porta do carro abriu.

- Ora, ora, ora Minha namorada, meu amigão e o Geek na trilha? O que é isso Ménage à trois?

- Eu não sou mais sua namorada Vinny, o que você faz aqui? Quem é que está no carro? – Alguém se movia dentro dele.

- Eu percebi que alguma coisa estava acontecendo, será que vocês querem dar com a língua nos dentes? Eu não vou deixar.

- Ninguém vai fazer nada Vinny da o fora daqui. – Job falava e tentava ver quem estava no carro. – É o professor, Anne o professor que esta no carro.

- Por que seu irmão está aqui Vinny? Você contou?

- É só uma garantia...

  Antes que ele terminasse de falar um bando de pássaros saíram de seus ninhos assustados e fugiram irrompendo pelo céu, todos olharam assustados.

- É ele. – Paolo falou olhando para o céu, Anne automaticamente agarrou seu braço, vozes em agonia pareciam vir de todos os lados da trilha.

- Que porra é essa? – Vinny procurava de onde vinha o som, uma escuridão estranha tomou conta de tudo, ele tirou um isqueiro do bolso. – Se isso for alguma brincadeira Geek é melhor ir parando.

- Isso não é brincadeira Vinny fica quieto.

- Vinny o que ta acontecendo aqui?

- Liga os faróis.

- Eles falharam. – Seu irmão saiu do carro tentando iluminar o caminho com seu celular. – Onde vocês estão? – Ele sentiu um sopro de ar quente em seu pescoço e algo o levantou, o barulho de passos na floresta aumentou juntamente com os gritos, os faróis voltaram a funcionar então todos viram o professor se debatendo no ar, seu corpo começou a ser perfurado como se mil tentáculos o perfurassem, os faróis voltaram a se apagar.

- Corre, corre, corre! – Paolo gritou e ele sentia que passava por várias coisas na trilha, humanos, presenças humanas, ele as sentia mais não esbarrava em nada.

- Paolo!

- Corre Anne estou atrás de você, Job?

- Continua falando Paolo estou seguindo sua voz. – Paolo lembrou do Smartphone, ele tateou o bolso e o encontrou, estava funcionado.

- Segue a luz Job. – Paolo acenou o Smartphone acima da cabeça, Job conseguiu se juntar a ele e a Anne, logo em seguida Vinny também apareceu e partiu pra cima de Paolo.

- O que Diabos esta acontecendo aqui Geek? – Paolo se encheu de coragem e em um acesso de fúria deu um soco no rosto de Vinny que foi ao chão.

- É a última vez que você me chama de Geek! – Ele começou a chutá-lo, Vinny não acreditava no que estava acontecendo, Paolo pegou ele pela gola da camisa. – Você ouviu?Nunca mais vai me chamar de Geek, e têm uma coisa que eu quero te dar.

- Me solta, me solta. – Ele tentava se livrar mas Paolo o tinha imobilizado.

- Só solto se você aceitar o meu presente, se não aceitar eu te mato, e ninguém aqui vai me impedir. – Job e Anne concordaram com um aceno de cabeça, pela primeira vez na vida Vinny temeu uma situação.

- Eu aceito, aceito só me larga.

- Então toma essa corrente é sua, entendeu?Sua! Você é o dono. – Vinny não entendeu, mas pegou a corrente, as vozes silenciaram e voltaram em um estrondo que vinha da parte de trás do bosque um leve tremor abalou o chão seguido por um tremor bem maior, Job foi jogado pra trás esbarrando em Paolo os dois caíram, Anne rolou junto com Vinny pra longe deles, o ar esquentou mais.

- Anne, você está bem?

- Sim.

  O chão voltou a tremer e vultos partiram pro lado em que Vinny e Anne estavam, gritos angustiantes os rodeavam, Vinny não acreditava naquilo, as vozes aumentaram e uma voz horrenda como se fosse um animal feroz calou as outras.

- Que porra é essa? Que porra é essa?

  Ele recebeu um golpe e foi parar próximo a Anne, os gritos foram na direção deles, Vinny foi suspenso no ar pelos cabelos, e novamente lançado longe, pra perto de Paolo e Job, o chão abaixo de Anne começou a rachar e labaredas surgiam da terra, Anne entrou em desespero tentou fugir pulava de um lugar para outro, ela tentou correr na direção deles um tentáculo surgiu e a puxou pelos pés, Paolo e Job partiram em sua direção, em vão, foram golpeados por uma força invisível que os lançou longe, Anne não conseguia se livrar dos tentáculos que a prendiam e sempre surgiam mais, envolveram seu pescoço, imobilizaram suas mãos e a puxaram pra dentro do buraco de fogo.

- Me ajuda! Socorro me Ajuda – Os gritos dela ecoavam pela floresta.
Ela foi tragada pela terra, o chão se fechou lentamente e voltou a ser como era antes, A escuridão que envolvia a trilha se dissipou, as vozes calaram, Paolo não acreditava no que tinha acontecido, e sua mente voltou até o dia em que eles mataram o motoqueiro, quando ele pegou na corrente, depois a soltou, soltou e pegou o anel, isso ele amaldiçoou o anel que estava preso na corrente, o anel que ele havia dado a ela.

  Anne acordou mas não abriu os olhos, ela queria que aquilo tivesse sido um pesadelo, ela abriu os olhos, pelo menos aquilo não era o inferno não aquele que ela conhecia pelos filmes e pela internet, era dia, ela olhou pro céu e não conseguia acreditar, dois sois, sois diferentes mais próximos que o normal e com uma textura gelatinosa , o céu tinha dois sois estranhos, ela estava em um bosque, diferente da trilha era como se fosse mais uma floresta, onde estavam os outros? Que lugar era aquele? Um barulho a tirou de seus pensamentos, uma moça vinha caminhando com uma cachorrinha e sorriu pra ela.

- Bons dias.

- Bom dia, que lugar é esse?

- Iladar.

- Iladar? Por que aqui têm dois sóis? Quem é você?

- Sóis? Eu sou Isabela, Isabela Vilô, suas roupas são estranhas, vou te dar um conselho, não ande por ai assim, veste isso. – Anne hesitou em pegar a roupa. – Acredite suas roupas podem te levar a fogueira. – Um barulho vindo dos arbustos chamou à atenção das duas, em seguida a cachorrinha de Isabela saiu correndo de lá.

- Eu me chamo Anne, Tudo bem. – Anne vestiu um dos vestidos de Isabela. – Eu não conheço ninguém aqui... Posso ir com você?

- Creio que não, sinto que algo me espera algo que tenho que vivenciar sozinha, mas posso-te dizer onde fica a casa da minha mãe, você pode ficar lá, e logo eu te encontro se assim quiser.

- Obrigada. – Isabela explicou como chegar a casa de sua mãe, elas se despediram e cada uma seguiu seu caminho.

  Anne seguiu sem saber o que iria achar pelo caminho, era melhor sondar o ambiente antes de tomar alguma decisão, tinha que confiar em Isabela ela era única pessoa que ela conhecia nesse lugar, talvez a única chance dela voltar para casa.

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