Iladar: A trilha - Parte 2

  Paolo não foi direto pra casa ele ficou perambulando pela cidade, não sabia como iria encara os pais, chegou em casa a noite e permaneceu trancado em seu quarto, ele não tinha nem vontade de comer, e usou a desculpa de estar com dor de cabeça para não ir a igreja com os pais, adormeceu e te vi sonhos horríveis, ele fugia pela trilha e vultos o seguiam, vozes demoníacas, ele não conseguia correr, acordou, estava suado, sentou na cama e acendeu a luz.

- Foi só um sonho, eu apenas estou impressionado. – ofegava, pegou o Smartphone cinco chamadas não atendidas de Anne, tentou retornar mais ela não atendia, quando ele tocou na maçaneta da porta sentiu um calor que emanava do chão, um vapor, uma força invisível o golpeou na parte de trás de seu joelho, ele gritou, outro golpe atingiu seu queixo a força foi tamanha que ele foi lançado próximo a cama, Paolo não acreditava no que estava vendo as sombras de seu quarto ganhavam vida diante de seus olhos, ele correu na direção da porta, não te vi coragem de olhar para trás, conseguiu chegar à cozinha e pegou uma faca, silêncio, a porta bateu um frio extremo tomou conta do local e logo em seguida a temperatura normal voltou ao ambiente.

- Meu Deus, eu to ficando louco. – Ele começou a rezar, um tempo depois seus pais chegaram, acharam estranho os ferimentos no rosto e no corpo do filho, mais ele conseguiu enganá-los disse que foi resultado de uma queda, Durante a noite ele não conseguiu dormir pensado em tudo que tinha acontecido durante o dia, não estava em seus planos ir a escola no dia seguinte, mais o medo de ficar só em casa era maior, uma hora antes do inicio das aulas ele já estava na escola sentado próximo ao mastro da bandeira, Anne também chegou cedo e o avistou.

- Paolo, tudo bem? Seu rosto, você andou brigando?

- Brigando? Não, não, eu to bem sim, olha posso perguntar uma coisa?

- Fala. – Ela sentou do seu lado.

- Aconteceu algo estranho ontem à noite com você?

- Não consegui dormir direito, você sabe.

- Sei, olha você acredita no mundo sobrenatural?

- Um pouco por quê? – Paolo tomou coragem e contou tudo que tinha acontecido com ele na noite anterior, Anne escutou um pouco incrédula, mais ela sabia que ele não teria motivos para mentir, ela nunca o tinha visto daquele modo, estava perturbado, o medo era visível em seus olhos.

- Eu tenho medo de estar ficando louco.

- Não você não está ficando louco, vamos procurar na internet sobre esses assuntos, pesquisar, tentar entender o que aconteceu.

  Os dois seguiram para a ala de informática da escola, ela ainda estava fechada mas Anne era querida por todos e foi fácil convencer o zelador a liberar a sala, eles procuraram em vários sites, acharam assuntos relacionados, possessões, perseguições demoníacas, maldições, acharam uma que tinha as características do que tinha acontecido a ele no dia anterior, as coisas se agravavam, os danos passavam ao corpo físico, e o demônio levaria a pessoa ainda em vida para o inferno, para sofrer, e pagar por seus pecados.

- É melhor pararmos de ver isso Paolo vai te deixar impressionado. – Ela desligou o monitor.

- Não, calma, olha só, aquele site fala de uma maldição satânica, lá tinha um nome, Asmodeu, você não lembra o homem da moto, ele falou esse nome antes de morrer junto com aquelas outras palavras estranhas, eu lembro.

- É sério?

- Sim.

- Pelo que eu entendi é uma antiga maldição, lançada em um momento de dor extrema, Asmodeu  é o pai dos jogos, do sofrimento, ele primeiro brinca com sua presa a tortura até que ela mesma vai desejar ser arrebatada pro inferno, ele persegue a vitima que têm um objeto amaldiçoado.

- Sua corrente, ele pegou na sua corrente quando falou aquelas palavras.

- É mesmo...

  O tempo passou sem que eles percebessem, o sinal tocou, era hora de ir pra aula, Paolo nunca tinha dormido na sala, mas durante toda a aula de Biologia ele dormia e acordava, quase no final ele conseguiu se manter um pouco acordado, disfarçar, quando ele desviou o olhar para a porta novamente sentiu o ar quente que vinha do chão, o tempo pareceu se arrastar ao seu redor, olhou pro lado, tentáculos negros passavam na frente das janelas, passos no teto, gritos de agonia, ele tremeu, levantou da cadeira com uma rapidez que a derrubou, todos da sala o olharam, Anne tinha percebido que algo estranho estava acontecendo, Paolo pegou sua mochila e saiu correndo da sala, Anne o seguiu.

- Paolo, o que foi?

- Eu não sei, eles estavam na sala, iam me pegar você não viu?

- Não, fica calmo. – Vinny e Job se aproximaram lentamente por trás deles.

- O que foi aquilo na Sala Geek? Ta treinando para a maratona? – Ele estava normal como em qualquer dia, aparentemente o ocorrido no dia anterior não tinha tido efeito algum nele.

- Você parece ter tido uma ótima noite de sono Vinny. – Anne o encarou, Job passou pro lado dela.

- É mesmo cara isso não é normal, nós estamos perturbados com você sabe o que, mas parece que você não está nem ai.

- E por que eu deveria ligar? O filhote de panda obeso já foi tarde, ele mereceu. – Ele olhou para Paolo que tremia no canto da parede. – O que ta acontecendo com ele? Por que ta tremendo com esse calor todo? Quer que eu ajuste seu termostato?

- Ele ta com uns problemas, deixa ele.

- Eu espero que não tenha sido pelo que aconteceu ontem, até mesmo porque não aconteceu nada, vamos indo Job.

- Vou ficar aqui com eles, te alcanço depois. – Vinny olhou para Job.

- Como queira.

- Anne, Paolo vamos dar uma volta, vocês aproveitam e me contam o que esta acontecendo, se estiver tudo bem claro.

Eles saíram e ficaram na praça que havia próximo a escola Job escutou em silêncio tudo que Anne Falou.

- Então quer dizer que pode ser igual aquela menina do filme o exorcista?

- Não brinca Job.

- Eu não estou brincando, eu acredito nessas coisas, já vi muitos casos na internet, e acho que pode ter sido cara mesmo, vocês sabem ele morava naquela casa, aquela família é estranha, minha avó contava que quando ela era criança aquela família mudou pra cá, eles são de descendência Cigana, algo assim, o povo tinha medo deles, durante todos esses anos, o contato deles com o pessoal da região foi pouco, eu sempre achei que minha avó contava isso pra me assustar.

- Maldição cigana? – Paolo repetiu consigo mesmo. – E sua avó sabe algo sobre maldições?

- Eu posso tentar arrancar algo dela, podemos ir vê-la depois da escola, mais não vamos deixar o Vinny saber, tudo bem? Ele pode usar isso contra você.

- Tudo bem, obrigado por me ajudar.

  Antes do fim das aulas Paolo acabou caindo no sono na sala novamente, o Professor estava no meio de uma explicação quando percebeu, Anne e Job tentaram chamar a atenção dele mas não conseguiram, Paolo estava paralisado via tudo que acontecia ao seu redor mais não conseguia se mover, era como se estivesse entre o mundo dos sonhos e o da realidade, um homem misterioso se aproximou dele e o segurou com força, por mais que tentasse se livrar ele não conseguia.

- Não acharia melhor eu pegar um colchão para o senhor? – O professor falou em voz alta na direção dele.

- Professor, desculpe... – Paolo conseguiu se livrar dos braços do homem e voltar à realidade, o cenário era o mesmo só que sem o homem.

- O que foi? Ontem foi noite de sites pornô? Não era só nos finais de semana? – Ele e a sala riam de Paolo, Anne e Job permaneceram calados.

- Vai ver ele encontrou uma Geek não Fake disposta a se mostrar pra ele na cam professor. – Vinny gritou da parte de trás da sala, o professor era o irmão mais velho dele.

- Uma Geek fêmea? Eu pensava que essa raça tinha sido extinta e só nos restava o senhor Paolo como último exemplar vivo. – Risos, risos e mais risos, ele adorava torturar os alunos, o sinal para o fim da aula tocou. – Quero esse trabalho pronto na minha próxima aula, senhor Geek depois me passe a sua lista de sites pornô mais só se forem héteros. – Falou em tom de deboche.

  Os alunos saíram da sala e Paolo permaneceu sentado, Job e Anne se aproximaram.

- O professor é um idiota, não liga Paolo ele só quer aparecer.

- Isso ai Paolo, vamos cuidar logo daquele assunto, depois eu dou um jeito nele pra você garanto.

- Acho que vou aceitar.

  Os três saíram juntos e Vinny os observava de longe, ele sabia que alguma coisa estava acontecendo, mas ficou só observando, um tempo depois chegaram à casa da avó de Job, de lá se podia ver a casa do motoqueiro e parte da trilha.

- Antes de vir eu liguei pra ela e contei tudo, minha avó precisa ser ligada antes pra ir esquentando igual carro velho, se não demora a pegar.

- Job você não existe. – Anne ria junto à porta.

- Vou ver onde ela está é rapidinho. – Paolo percebeu que Job era uma boa pessoa, Vinny era quem o levava pro lado mal.

  Eles ficaram na sala em silêncio, cinco minutos depois Job apareceu com sua avó, ela os observou, as apresentações foram feitas e ela falou de muita coisa antes de chegarem ao ponto.

- Sabe Job eu gostei desse menino ele é mais simpático que aquele outro, nossa aquele outro têm algo ruim nele eu sei que tem, ele não é boa pessoa.

- Nós sabemos, mais quanto ao pessoal daquela casa à senhora consegue lembrar de algo ruim relacionado a eles? Coisas demoníacas, maldições?

- Não me trate como uma idiota débil metal Jobisrlênio, eu sei muito bem por que está aqui, muita coisa estranha aconteceu referente aquela família, dizem que eles fizeram um pacto com o demônio, são ciganos mas resolveram fixar moradia aqui, eles têm o poder de amaldiçoar as pessoas, ouvíamos isso quando crianças, tínhamos que manter distância deles, eles sacrificavam animais, se não tinham parte com o demônio deviam ser loucos pois acreditavam que tinham, eles são o mal em pessoa, as vezes acreditamos tanto em uma coisa que ela acaba se tornando real, ganhando forma, o mal existe só que algumas pessoas insistem em tentar ignorá-lo, por isso acabam se dando mal quando batem de frente com ele.

- A senhora acha que minha corrente possa ter sido amaldiçoada?

- Pelo que o Jobisrlênio falou tudo indica que sim, eu já tinha ouvido falar desse demônio o Deus deles, Asmodeu, segundo a lenda ele vai se divertir com seu sofrimento, brincar, até te levar pro inferno, eu acho que ele vai te atormentar até que você tente se matar.

- E se eu destruir a corrente?

- Ela ainda continuara sendo sua. – Um barulho fez todos olharem na direção da porta, um cheiro forte e nauseabundo invadiu a sala, um ar abafado exalava do chão, um vento forte, algo tinha passado por ali e todos sentiram.

- Obrigado por tudo, é melhor agente ir. – Paolo temia que algo acontecesse ali.

- Eu espero que tudo dê certo para você meu jovem.

  Eles saíram da casa em silêncio, evitaram a trilha e seguiram por outro caminho.

- Tudo vai dar certo Paolo, vamos conseguir achar um modo, vamos pesquisar.

- Obrigado pessoal.

  Eles deixaram Paolo na porta de casa mas ele não entrou ficou sentado esperando os pais chegarem, e eles demoraram só voltaram a noite, tudo continuava normal mas ele estava com medo de dormir, ele não se sentia seguro nos sonhos e muito menos na realidade pegou o notebook e continuou sua pesquisa sobre maldições e sobre o demônio do qual a avó de Job havia falado mais ele foi vencido pelo cansaço e acabou pegando no sono, os sonhos terríveis voltaram, ele estava na trilha e o corpo do motoqueiro estava em uma poça de sangue no chão, tentou se mover mais não conseguia, as árvores tremiam e galopes pareciam vir de todos os lados então ele viu, um demônio montado em um cavalo ele possuía cabeça de leão, com chifres e olhos flamejantes, o cavalo possuía patas de dragão, era uma visão infernal, ficou paralisado, o demônio estava mais próximo, e acertou um golpe em seu estomago, Paolo foi lançado longe, ele acordou e estava próximo a porta sangrando, o golpe foi real, tudo ficou escuro ele sentiu o ar quente, o demônio estava brincando com ele, vultos tomavam forma, ele levantou rapidamente pegou as chaves do carro na sala e saiu correndo, seu  Smartphone vibrou...

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