Iladar: A trilha - Parte 1

  Os quatro se aproximaram do portão e ficaram observando a casa, ela era enorme e se localizava na parte alta da cidade.

- Você perdeu a aposta Paolo vai ter que entrar ai e voltar com um objeto.

- Você ficou louco?  Ninguém nunca falou que eu teria que roubar uma casa!

- Se você perdesse a aposta teria que aceitar um desafio, esse é o desafio, mas tudo bem eu aceito seu Notebook como pagamento pela desistência, aproveito e já coloco naquele site de vídeos o que eu filmei depois da aula de educação física no vestiário, você se masturbando, certamente pensando na Anne.

- Vinny da um tempo, olha o tamanho dessa casa sem falar que ela é rodeada por cães, antes de chegar ao jardim eles iriam estraçalhá-lo.

- Que foi Anne? Ta com peninha é? Namora ele então, sabe, eu não me importo em dividir você. – Ele se aproximou e a beijou no pescoço, ela o afastou e foi pro lado de Paolo.

- Não têm vídeo nenhum, você ta blefando. – Ele falou trêmulo.

- Vai arriscar? – Vinny balançou o celular na frente de Paolo.

- Vinny pensa em outra coisa, nem mesmo você conseguiria entrar lá sem ser pego. – Os portões da garagem abriram e um homem em uma moto saiu na direção da cidade, Vinny lhe lançou um olhar malévolo.

- Tudo bem Job, pelo visto vocês assumiram o partido do Geek mesmo, vocês estão vendo aquele gordo na moto? Certamente sim, pois só nosso pequeno Geek usa óculos aqui, e mesmo sem óculos aposto que ele veria aquele porco motorizado, presta atenção, ele sempre corta caminho pra cidade pelo parque, usa a trilha, sabem aqueles animais mortos que geralmente achamos quando usamos o caminho pra chegar rápido a escola? É ele que os mata, ele atropela os animais, semana passada quando eu e o Job fomos tomar banho de rio amarramos o Pelte em uma árvore para ele não acabar se molhando, quando estávamos voltando o gordo maldito vinha pela trilha, viu o Pelte, ele parou a moto e em seguida acelerou, ele o matou sem nem dar uma chance de defesa, o que eu quero é simples de uma lição na chupeta de Baleia, ele merece, simples assim.

- Mais como eu vou fazer isso Vinny?

- Se vira você têm 24 horas contando de agora, e por garantia vou levar seu Notebook.

  Vinny e Job saíram na direção da trilha, Paolo sentou e lançou um olhar na direção da casa, Anne permaneceu ali com ele, passou na sua frente e lhe estendeu a mão.

- Não se preocupa, eu vou te ajudar. – O vento batia em seus cabelos cacheados que se soltaram, ela geralmente os usava presos, ele pegou na sua mão e sentiu sua pele macia, uma linda pele negra, seus lindos olhos amendoados estavam lacrimejando, era o efeito do vento ele adorava quando eles ficavam assim, nesses momentos seu único pensamento era o de que nunca teria chance com ela, um típico nerd de óculos e cabelo arrumadinho, talvez seu tipo fosse mesmo caras arruaceiros e de cabelos assanhados como Vinny e Job, com pele bronzeada e sem medo de quebrar as regras, e não ele que a palidez causaria inveja até mesmo no conde Drácula, Job era praticamente um clone de Vinny a única diferença entre eles era a cor do cabelo,o loiro do cabelo de Vinny era quase sobrenatural , já Job tinha um cabelo preto intenso, Yin-yang, só que o lado bom não existia.

- Obrigado Anne, olha não existe vídeo algum é tudo mentira. – O seu Smartphone vibrou, um email, ele leu. – O Vinny quer que agente encontre ele na trilha.

- É melhor irmos. – Eles foram ao encontro dos dois, alguns minutos depois o encontraram próximo a algumas árvores.

- Você vê essas árvores Paolo?  O saco de banha sempre passa por esse caminho, tem um modo de pegar ele e como eu sou bonzinho vou lhe dizer o que fazer, você vai prender uma linha de pesca naquela árvore e voltar pra esse local aqui, vai camuflar a linha no chão e quando o Sapo Papão se aproximar você vai puxar a linha ela vai ficar na altura da cintura, o porco vai desequilibrar e cair, um verdadeiro abate de porco, o resto é com você, entendeu?

- Eu tenho escolha?

- Não, mais o pessoal que freqüenta aquele site, como é mesmo o nome?

- Youtube.

- Isso mesmo Job, como eu sou esquecido, eles vão adorar o seu vídeo amador.

- Então tudo bem eu faço.

- Eu vou estar com você Paolo.

- Todos vão meu amor. – Vinny se aproximou e a abraçou pela cintura. – Eu não perderia isso por nada. – Ele olhava Paolo nos olhos.
Depois de fazer as marcações de onde seria amarrada a linha e alguns cálculos caso algo saísse errado Paolo e os outros seguiram para suas casas, a noite foi uma tortura e Paolo quase não conseguiu dormir, e se Vinny tivesse o vídeo mesmo? Se ele postasse na internet? Essas perguntas não saiam de sua cabeça, no dia seguinte ele acordou bem cedo, pegou um rolo de linha de pesca de seu pai colocou na mochila e saiu para encontrar os outros, Vinny já o esperava na entrada da escola.

- E ai trouxe a linha?

- Sim.

- Me passa eu vou guardar comigo.

- Tudo bem, aqui. – Vinny recebeu e colocou na mochila. – Onde estão os outros?

- Anne deve ta por ai e o Job foi pegar uma coisinha que tava faltando. – Ele sorriu.

- O que?

- Você vai ver.

  Anne os viu de longe conversando, quando ela chegou perto deles o sinal tocou.

- Meninos vamos para sala?

- Vocês dois sim, eu vou encontrar o Job e terminar uma coisa. – Vinny falou isso enquanto andava, se distanciando dele.

- O que ele vai fazer Paolo?

- Eu não sei.

  Job chegou atrasado à sala e durante todo o dia de aula Vinny não apareceu, e isso deixou Paolo nervoso, ele sabia que Vinny certamente estaria aprontando alguma coisa, os três mataram a última aula como combinado, agora eles teriam que ir para a trilha preparar a armadilha, quando eles chegaram lá Vinny já os esperava.

- Deveria ter avisado que estaria aqui. – Junto a Vinny havia uma gaiola com um filhote de cachorro dentro. – O que é isso?

- Canis lúpus familiaris, é um mamífero canídeo, o melhor amigo do homem...

- Sem gracinhas Vinny o que você vai fazer com esse cachorro?

- É pra ficar na estrada, o bolão vai ver ele e certamente vai aumentar a velocidade, não se preocupe, antes que ele o atropele eu vou puxá-lo com essa corda, nada vai acontecer com o Pelte.

Job olhou de Vinny para os outros.

- Tudo bem então me deixa prender ele, pra me certificar que tudo vai dar certo, Paolo onde está a linha? Já está na hora de colocar nas árvores.

- Estão comigo Job. – Vinny lançou o rolo e um par de luvas para Paolo que agarrou meio trêmulo. – Usa isso para não ferir as mãos quando puxar a linha, Anne tocou em seu ombro.

- Tudo vai dar certo.

- Se importa se eu filmar isso Paolo? Pode valer uma grana depois nesses programas dominicais que vivem de cacetadas, as pessoas adoram ver gordos se ferrando – Ele começou a filmar.

- Fica a vontade Vinny. – Paolo sentia ódio daquela situação, ele atravessou a trilha e procurou o lugar marcado no dia anterior com o estilete, na altura da cintura, prendeu a linha na árvore, e voltou cobriu a linha do chão com folhas, Job colocou o filhote na trilha, esperaram um pouco, o som da moto invadiu o parque ao longe, o cachorro brincava inocentemente, o barulho se aproximava cada vez mais, Paolo tremia, como esperado quando viu o cachorrinho parou a moto, tirou o capacete, sorriu, um riso sádico, colocou o capacete no braço e partiu com tudo na direção do cachorro, em uma questão de segundos Job puxou a corda que prendia o cachorro, o tirando da frente da moto, a velocidade da moto estava maior, Paolo puxou a linha que ficou totalmente esticada, na altura do pescoço do motoqueiro, a linha enroscou em seu pescoço o derrubando a moto perdeu o controle e virou mais na frente, o impacto levou Paolo ao chão, ele levantou e percebeu que a linha tinha conseguido furar suas luvas e sentiu que ela estava com uma consistência diferente.

- Paolo você está bem? – Anne se aproximou dele. – Levanta.

- Obrigado.

  Vinny se aproximou com o celular filmando tudo, Job pegou o cachorro, os quatro se aproximaram do motoqueiro.

- Meu Deus.

- Ai meu Deus o que eu fiz?

  O motoqueiro estava se debatendo no chão ele tentava tirar à linha que estava enterrada até a metade de seu pescoço, a cabeça sumindo lentamente em uma poça de sangue, Paolo tirou a camisa e começou a pressionar o ferimento.

- Anne liga pra emergência, precisamos de uma ambulância.

- Espera. – Anne pegou o celular e Vinny o tirou de suas mãos.

- Você não vai ligar pra ninguém, esse porco miserável mereceu isso. – Ele colocou a câmera próxima ao rosto do motoqueiro e pisou em seu peito. – Não adianta me olhar assim saco cheio, ninguém vai te ajudar, esse é o seu castigo por ser gordo e maltratar os animais, agente planejou isso tudo, quem puxou a linha foi o Paolo, esse ai que ta tentando conter seu sangramento, Anne ficou junto a Paolo tentando ajudá-lo.

  O motoqueiro olhou com ódio pra Paolo, tentou segurar o seu rosto, a mão vacilou, a lançou no ar novamente, segurou sua corrente,soltou, agarrou novamente e sussurrou.

  Vi invito, oh forze invisibili di inferno, se riuniti intorno a me in questo momento di dolore, In questa mistica Perché Il tempo, call si Asmodeu, La guida dall'inferno.
  Detentore delle chiavi d'ingresso e di uscita. Chiamata e conjuro Asmodeu, Dio degli inferi mi congratulo con l'anima Del mio carneficeil proprietario di questa maledizione obiettivo io in tuo nomecon lui sempre, La sofferenza, l'angoscia e Il dolore Maledetta è perché e seguire questo rituale in onore tuo, Asmodeu, asmodeu, asmodeu...

- O que ta acontecendo? O que foi que ele disse?

- Eu não sei não consegui entender.

Ele não se mexeu mais, Paolo tentou reanimá-lo, foi em vão.

- E agora? – Anne levantou trêmula, as mãos sujas de sangue. – O que vamos fazer?

- Vamos ligar para a policia. – Paolo pegou seu Smartphone, Vinny o empurrou no chão e o tirou dele.

- Vai dizer o que? Oi seu policial parabéns pelo bom trabalho na cidade, a propósito eu acabei de abater um porco, não, seria melhor pedir para ser preso.

- E o que vamos fazer? – Paolo permaneceu sentado olhando pro corpo, enquanto chorava, ele tirou as luvas e pode perceber que um liquido  escorria da linha, ele tocou e sentiu sua consistência. – Ou meu Deus! Isso é cerol, você colocou Cerol na linha? – Ele levantou e correu até a árvore, o lugar onde ele tinha marcado no dia anterior não era o mesmo que estava marcado agora, ele não percebeu a diferença antes quando amarrou a linha por que tinham pedras no lugar e quando ele subiu nelas pareceu ser o mesmo lugar de antes, pedras que não estavam lá. – Você armou isso tudo Vinny? Isso na linha é cerol?

- Drin, Drin, Drin o que temos para ele Johnny. – Vinny abriu os braços e girou. - Sim, esse porco mereceu, eu só precisava de alguém para puxar a corda.

- Ou meu Deus você é um doente eu vou ligar pra policia agora. - Anne pegou seu celular de volta das mãos de Vinny, ele riu.

- Isso liga, liga mesmo, só que vamos todos pra uma instituição de menores, aposto que a mãe do Paolo não vai agüentar a pressão de ter um filho assassino, o garotinho que ela tanto ama, e vai acabar se matando, ela vai adorar ver esse vídeo. – Paolo pegou Smartphone que estava com Vinny e começou a filmar tudo. – Que foi vai querer mostrar que eu estava aqui também? Eu não ligo já vocês têm muito a perder, vamos esconder o corpo e esquecer isso.

- Eu não quero ir preso galera, vamos fazer o que o Vinny falou.

- Você vai concordar com isso Job? – Anne não conseguia acreditar, Vinny passou por trás de Paolo e sussurrou.

- Olha que meiga, que fragilidade quanto tempo você acha que ela agüenta em um reformatório feminino? No meio daquelas meninas criadas nas ruas, eu acho que uma semana, isso se não for espancada todo dia, ou violentada. – Paolo olhou Anne.

- Anne, vamos fazer o que o Vinny diz, é melhor para todos. – Anne olhou pra Paolo sem acreditar no que ouvia. – Confie em me Anne, tudo vai dar certo.

- Está bem.

- Já que todos concordam vamos agir rápido a qualquer momento alguém pode passar aqui, têm um lugar próximo ao rio onde a terra é mais fácil de cavar, vamos tirar a roupa dele e queimar, eu vou cortar as pontas dos dedos dele caso alguém ache o corpo assim será mais difícil identificá-lo e a cabeça do mamute vai virar comida de peixe, Job e Paolo arrastem o corpo, Anne mais na frente tem um cachorro morto, coloca ele aqui pra disfarçar.

- Eu não vou pegar cachorro nenhum!

- Tudo bem eu mato esse filhote aqui vai da no mesmo. – Ele tirou o cão dos braços de Job e o segurou no alto.

- Tudo bem eu pego o cachorro.

- Eu vou dar fim a essa moto e começar a cavar.

  Eles fizeram o que Vinny falou, ele parecia já está preparado para tudo que poderia acontecer naquele dia, já tinha álcool na mochila para queimar a roupa, e próximo ao rio duas pás preparadas, sumiu com a moto, eles fizeram tudo conforme o plano.

- Agora vamos enterrar esse tapa-sol, só me deixa cortar os dedos. – ele cortou os dedos do motoqueiro e os queimou junto com a roupa e os documentos, um cheiro terrível invadiu o ar, Vinny levantou. – Pronto isso morreu aqui.

- Você... Você acabou com nossas vidas.

- Acho que não vou ganhar um beijinho por ter feito um trabalho bem feito não é meu amor?

Anne pegou sua mochila e saiu.

- Vamos Paolo.

  Eles seguiram na frente enquanto Vinny e Job vinham logo atrás, o único som era produzido pelos latidos do cachorro, um vento cortante passou por Paolo, como se uma mão invisível tentasse agarrá-lo, um som ao longe se formou em seus ouvidos, ele parou subitamente.

- Vocês sentiram isso?

- O que?

- Senti como se algo me tocasse, algo... Estranho.

- Ninguém ouviu nada. – Vinny tirou uma camisa da mochila. - Aproveita e toma essa camisa vai acabar cegando alguém com essa luz que emana de você, sol é de graça Geek. – Ironizou Vinny...

 
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