Iladar: Isabela vilô


  Isabela vivia em um pequeno vilarejo com sua mãe, ela se sentia perseguida, apenas os trabalhos de casa lhe eram permitidos fazer, sua única amiga era uma cadela que a acompanhava desde criança, sua mãe era controladora queria viver a sua vida, as moças com menos de dezessete anos não podiam sair de casa, era a tradição do vilarejo, elas tinham que ficar longe dos homens até completar essa idade, a maioria delas eram trancadas em casa, mas tinham liberdade durante o dia quando podiam sair acompanhadas de outras mulheres mais velhas, menos Isabela, o tempo passava e ela queria sua liberdade, viver sua vida, e a idéia de conseguir um marido não lhe saia da cabeça, faltava pouco para seu décimo sétimo aniversário, mas ela não podia mais esperar, tomou coragem enfrentou a mãe e decidiu sair de casa, a mãe sabia que não podia impedi-la, que já estava perto e trancá-la só prejudicaria mais as coisas só pediu que onde ela fosse levasse a cachorrinha, onde estivesse trancasse a porta a noite e nunca saísse sem a amiga, conseguindo se manter pura até os dezessete anos ai sim ela conseguiria viver realmente a vida.

- Não posso te obrigar a ficar Isabela, mas atenda meus pedidos.

- Adeus mamãe. – Isabela pegou a cachorrinha nós braços e seguiu seu caminho, procurava o bosque Eron, onde pretendia fixar moradia, depois de um tempo andando chegou a um Vilarejo muito movimentado sua cachorrinha pulou de seus braços e se embrenhou na multidão, Isabela a seguiu, na praça homens iam ser enforcados, ela ficou observando eles serem julgados e mortos, olhou pro lado e um menino brincava com sua cachorrinha, ela se aproximou e pediu informação de onde ficava o bosque, ele informou, se despediram e ela seguiu seu caminho, o lugar era lindo, ela parou para observar, próximo ao caminho um barulho chamou sua atenção, uma menina assustada olhava para o céu.

- Bons dias.

- Bom dia, que lugar é esse?

- Iladar.

- Iladar? – A menina olhou assustada para o céu - Por que aqui têm dois sóis? Quem é você?

- Sóis? Eu sou Isabela, Isabela Vilô, suas roupas são estranhas, vou te dar um conselho, não ande por ai assim, veste isso. – Isabela estendeu uma de suas roupas para a menina que hesitou em pegar. – Acredite essas roupas podem te salvar da fogueira. - A conversa das duas foi interrompida por um barulho vindo dos arbustos e logo em seguida a cachorrinha de Isabela saiu correndo de lá.

- Eu sou Anne, Tudo bem. – A menina vestiu um dos vestidos de Isabela. – Eu não conheço ninguém aqui... Posso ir com você?

- Creio que não, sinto que algo me espera algo que tenho que vivenciar sozinha, mas posso-te dizer onde fica a casa da minha mãe, você pode ficar lá, quem sabe talvez ainda nos encontremos.

- Obrigada. – Isabela explicou como chegar a casa de sua mãe, elas se despediram e cada uma seguiu seu caminho.

  Isabela chegou a Eron no meio da tarde e construiu com suas próprias mãos um casebre, agora sim seria ela vivendo sua vida e ninguém mais iria interferir, trabalhou até a noite quando cansada adormeceu, ao longe ainda ouviu passos ao redor da casa antes de cair no sono, passos firmes, um homem, pensou, adormeceu, no dia seguinte ela caminhou pelo bosque sentiu o sol na pele, o vento fresco, se sentiu livre e sua fiel amiga sempre junto, a noite caiu novamente e Isabela se preparou, será que o homem voltaria? Será que ele aceitaria ser seu marido? Sua cachorrinha correu pela cozinha derrubando a madeira que Isabela havia empilhado perto do fogão, fugiu e ficou próxima a porta de entrada olhando a fixamente, Isabela foi recolher a madeira, passos firmes próximos a porta.

- Isabela vilô abre a porta que ele veio te visitar. – Uma voz tenebrosa, quebrou o silêncio da noite.

- Isabela vilô lavou os pés lavou as mãos e foi deitar. – Respondeu a cachorrinha olhando para a porta, silêncio, galopes ao longe como se um animal agora se distanciasse da casa.

- Maldita eu sai de casa para ninguém tentar mandar em me e você também vêm me atrapalhar, ele foi embora por sua causa. – A ira de Isabela foi tremenda ela espancou a cachorrinha que ficou agonizante no chão.

  Isabela não conseguiu dormir virou a noite no outro dia não saiu de casa e esperava a noite ansiosa, adormeceu, ele chegou.

- Isabela vilô abre a porta que ele veio te visitar.

- Isabela vilô lavou os pés lavou as mãos e foi deitar. – Respondeu a cachorrinha novamente, cujo corpo ainda se achava na sala, Isabela acordou assustada, correu abriu a porta, silêncio, não havia mais ninguém.

- Maldito animal, poucos dos que me contrariam sobrevivem para cometer o mesmo erro. – A raiva era tamanha que Isabela pegou sua lamparina e encharcou o corpo da cachorrinha com óleo, e agora contemplava o cadáver em chamas.

  Um novo dia uma nova chance de se entregar, pensou Isabela que varria as cinzas que restaram da cachorrinha, ela ria consigo mesma, fez seus trabalhos normalmente, a noite chegou ela tomou banho e esperava ansiosamente seu visitante misterioso que chegou sem nenhum atraso.

- Isabela vilô abre a porta que ele veio te visitar. – Isabela olhava seu próprio reflexo no espelho, sorriu.

- Isabela vilô lavou os pés lavou as mãos e foi deitar. – Restaram cinzas no canto da porta, a cachorrinha resolveu permanecer com sua dona mesmo depois de tudo, mesmo depois do final, ela tinha sido o seu viver.

  Isabela correu em um desespero pela casa abriu a porta, silêncio, folhas farfalhavam, só ouvia galopes que de lá se distanciavam.

- Maldita seja. – Exclamou Isabela olhando para o chão. – vejamos agora.

  Ela acendeu uma tocha e queimou o casebre, procurou um novo local longe dali e construiu sua nova morada, colocou sua cama na sala, dormiu o dia todo, a noite chegou muito antes do esperado, Isabela já estava perfumada deitada na cama esperando seu visitante, será que ele conseguiria encontrá-la?  Galopes, silêncio, e agora próximo a porta passos fortes.

- Isabela vilô abre a porta que ele veio te visitar. – A voz tenebrosa ecoou pela casa, Isabela jogou a cabeça para trás se desmanchando em uma risada que misturava satisfação e prazer, agora olhava para a porta.

- Hoje te ofereço o que você quer, mas não o que precisa, tem permissão para entrar.

  Como se fosse uma fera sedenta por sangue ele invadiu a casa, a porta não tinha sido nenhum obstáculo, e foi entrando era alto, o corpo se curvava para frente, uma criatura visivelmente desequilibrada não era um monstro propriamente dito, mas sua aparência o tornava um, a boca parecia ser composta exclusivamente de presas, certamente eram obra de sua loucura, pareciam ter sido afiadas manualmente, as roupas maltratadas lhe davam uma aparência grotesca, o vento fez a luz cintilar e Isabela pode ver uma enorme cicatriz em seu pescoço, ele se aproximou a pegou pelos cabelos e a pressionou contra a cama.

- Quase poderia ter pena de você minha menina meiga, se não fosse tão divertido te ver morrer, tal linda, tal inofensiva – ele salivava enquanto lhe lambia o rosto.

  Isabela sorriu, segurou a mão dele e a torceu, os ossos ficaram expostos, ele gritou um grito horrendo, ele estava assustado, ela o jogou contra a parede que foi abaixo ele agora estava na frente da casa, tremia, seu cavalo assustado fugiu, Isabela seguiu lentamente em sua direção, o vento brincava com sua camisola, ela sentou em cima dele.

- Meiga? Sim. Linda? Certamente. Inofensiva? Não mesmo.

  As presas de Isabela aumentaram de tamanho, seus olhos mudaram de cor a pele empalideceu, cheirou seu pescoço e lhe cravou os dentes, o sangue inundou sua boca, que experiência, êxtase, era pouco, e sua carne era saborosa, sua fome era animal, no fim da noite restaram só os ossos, Isabela olhou para a lua.

- O mundo é um pomar de doces frutos, e eu estou pronta para a colheita.

Comentários
2 Comentários

2 comentários:

  1. Libera ai pra copiar pode ser ? Tem umas frases que gostei muito deu preguiça de escrever kkk muito foda vou ler a continuação.

    ResponderExcluir