Iladar: Duan - Parte 1


  Duan estava com pressa hoje nem a imagem das lindas maçãs verdes empilhadas esperando para serem roubadas lhe chamou a atenção, muito menos parou para brincar com os filhotes de Panthegrifos como sempre fazia, ele tinha que ir rápido vender a lã que seu tio tinha tosado dos borregos e conseguir um bom preço ou seria vítima de sua irá, ele era criado por seus tios que o tratavam como se fosse um estorvo e o faziam de empregado na Taverna e também pastor dos borregos, trabalhava por comida e era constantemente espancado quando as coisas por lá saiam errado, quando ia passando pela praça algo lhe chamou a atenção ladrões estavam sendo enforcados, será que posso terminar assim se for pego roubando maçãs? Pensou Duan, os condenados estavam com os laços em volta do pescoço, com um último sinal do Comitis em questão de segundos os corpos se debatiam no ar para depois penderem sem vida, seus olhos se cruzaram com o do Comitis, ele voltou a si quando uma pequena cachorrinha lhe mordeu os dedos.

- Calma amiguinho.

- Não é amiguinho, é amiguinha. – Uma bela moça se aproximou e pegou a cachorrinha nos braços.

- Desculpa... Oi... É... Eu Duan, eu sou Duan, nunca te vi por aqui. – Ele ficou impressionado com a beleza da jovem.

- Não precisa ficar nervoso, prazer eu sou Isabela. – Ela lhe estendeu a mão. – Estou de passagem, venho do condado de Ilwen, procuro o bosque Eron. – Duan segurou sua mão e com a mão livre apontou.

- Naquela direção por mais ou menos uma hora você chega ao bosque.

- Obrigado. – Isabela seguiu seu caminho.

- Adeus.

- Até mais Duan.

  Era uma moça muito bonita e misteriosa tomara que ela tome cuidado Eron é um lugar perigoso para aqueles que não conhecem os caminhos, pensou, agora ele corria se o empório fechasse ele estava perdido, conseguiu chegar a tempo mas a venda não foi bem sucedida e recebeu menos do que esperava pela lã, agora tinha que comprar a carne e levar o resto das moedas de ouro para casa, não poderia faltar uma, comprou a carne e seguiu seu caminho quanto mas rápido chegasse menor era a chance de apanhar, então por que não pegar um atalho, ele seguiu por um beco que terminava em uma ruela, e antes que percebesse estava rodeado por três garotos um aparentava ser bem mais velho que ele, os outros dois um menino e uma menina eram mais novos, de onde saíram? Foi à última coisa que conseguiu pensar antes de ser acertado na cabeça pelo menino mais velho, eles pareciam animais a procura de comida, Duan fingiu estar inconsciente.

- Não Nsin não bate mais nele, ele não tem mais nada, pega o pacote e vamos fugir antes que alguém apareça. – A menina parecia nervosa e com pena do menino.

- Entil sai na frente e disfarça, toma Malli leva o pacote, vou por trás e nos encontramos no local de sempre.

  Duan esperou eles se afastarem e se arrastou até o canto da parede e por mais que sentisse dor ficou feliz eles não o tinham matado e nem levado o que sobrou das moedas que estava escondido por baixo da faixa que ele enrolou na coxa, se não fosse a menina o outro certamente o teria matado, a carne, eles tinham levado a carne, dos males o menor, mas como ele iria explicar, seu tio jamais acreditaria, talvez a surra que iria levar o matasse, Duan caminhou pela cidade tentando pensar em uma forma de escapar disso tudo, não poderia fugir eles o achariam como da última vez, ele parou próximo a praça e ficou observando os corpos dos condenados que agora eram levados por uma carroça, Duan seguiu a carroça e pode ver que ela foi para trás do cemitério da cidade, os corpos foram postos em uma sala,e pelo jeito não seriam enterrados tão cedo, Duan sentou próximo a porta, abraçou os joelhos e ficou pensando.

- Eu não quero apanhar. – Ele chorava.

  Olhou para a porta ficou curioso e entrou, olhou os corpos na mesa, Duan tocou em um dos corpos ele estava gelado, ele contou o resto das moedas que tinha e lembrou das que ele guardava no celeiro.

-Seja o que tiver que ser. – Ele falou olhando para as moedas.
Se eu levar outra surra hoje eu morro, pensava consigo mesmo, antes de ir ao encontro do tio ele passou no celeiro, quando chegou à casa principal seu tio já o esperava na porta.

- Onde você estava desgraçado, brincando por ai certamente, me dê isso aqui, onde está o ouro? – Ele pegou o pacote da mão de Duan e esperava as moedas.

- Aqui está. – Ele estendeu a mão com as moedas e esperava a qualquer momento um golpe por sua demora.

- Não, é melhor não, guarde o ouro depois você vai ter que comprar mais coisas para a Taverna, e se o ouro não der vou saber que gastou, e já sabe o que te espera, afinal de contas onde diabos você estava? Olha seu estado, vai se lavar tem clientes para servir. - O tio o pegou pela orelha o deixando suspenso. – Só por causa disso você não vai provar da sopa.

  Duan foi se lavar com um sorriso no rosto, a fome no lugar de uma surra, bem talvez seja melhor assim, pensou, pegou o avental e seguiu para a Taverna, ele estava sorrindo os tios e aqueles miseráveis que freqüentavam a Taverna mereciam uma lição e já estava na hora de receberem uma.

- Duan seu encrenqueiro rápido Leve esse prato para o velho Tudi. – Sua tia bradava a colher de pau em ameaça.

- Tudo bem tia. – Duan levou o prato do velho Tudi o maldito velho sádico que pagava para bater e abusar dele, os tios faziam tudo por dinheiro, ele pensou na sopa, ele nunca apreciou tanto uma sopa que ele não iria provar, a noite chegava e ele já tinha servido muitas mesas, e o cheiro da sopa invadia o ambiente.

- Garoto que prato é esse?

- Sopa, uma sopa especial.

- Veja-me um prato, anda o que ta esperando. – A velha Zira cuspiu em seu rosto.
                                      
- Sim, senhora. – Tomara que o tempero seja veneno, pensou.
Duan atendeu muitas mesas e todas queriam a sopa especial, por incrível que pareça estava sendo um sucesso, todos queriam, acabou e ainda ficaram pessoas querendo mais.

- Muito bem Duan hoje você fez uma coisa que preste, o lucro foi bom, nunca essa sopa vendeu tanto, amanhã você vai comprar carne novamente, e vamos te deixar raspar as panelas, é bom que o dinheiro que você tem de pra comprar carne suficiente.

  A mesma carne novamente? E agora? Sem dinheiro, ele pensou durante toda noite e só conseguiu pegar no sono antes de amanhecer para ser acordado logo em seguida por um balde de lama.

- Acorda infeliz, vai fazer seus serviços e depois vai ao empório...

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