- O lugar é seguro.
- Rafael, escuta, eu não quero correr o risco de ser preso.
- Menores de idade presos no Brasil? Você também acredita em
coelho da páscoa? Só leva a erva e deixa o resto comigo, às 20 horas, esteja lá.
Meia
hora antes do horário marcado Rafael estava entre as sombras de um hospital
abandonado no centro da cidade, acompanhado de Edu esperava impaciente à
chegada de Hiago.
- Esse seu amigo não vai chegar Rafael?
- Calma. – Rafael pegou o smartphone e clicou em seu aplicativo de mensagens instantâneas. - Ele vai chegar. – Antes de terminar a frase alguém
apareceu na esquina e se dirigia rápido na direção dos dois.
- Onde está o pagamento? – Hiago olhava para os lados,
visivelmente desconfiado.
- Primeiro a erva loiro.
- Está aqui, me passa o pagamento e eu te dou a erva. – Hiago
mostrou um pacote. - Anda logo estamos em um lugar aberto, pode aparecer
alguém.
- Vamos entrar lá. – Rafael apontou para o hospital. - Eu te passo
o dinheiro e nós três usamos a erva. – Rafael e Eduardo passaram pelo portão do
hospital em quanto Hiago os seguia sussurrando.
- Isso não estava combinado, só repasso. – Rafael fingiu não ouvir
e com a ajuda de Edu movia uma pia próxima a parede liberando um buraco, os
dois entraram enquanto Hiago olhava relutante. – Droga! Me espera pelo menos.
Hiago
seguiu os dois na esperança deles pararem a qualquer momento, mas eles seguiram
em frente, indo cada vez mais longe, o lugar estava em ruínas, paredes
descascando, no longo corredor as portas das salas estavam abertas, à única luz
no local era a da lua que invadia o ambiente pelas frestas do telhado, o
silêncio do local era quebrado pelos passou vacilantes dos três e também pelo
canto melancólico dos Urutaus camuflados nas árvores ao redor do hospital.
- Que lugar. – Falou Edu parando em frente a uma placa com letras
gastas onde se podia lê Sala verde, entrou na sala e sentou em uma cama e tirou
o isqueiro do bolso. – Têm muita coisa aqui que dá para aproveitar. – Acendia e
apagava o isqueiro. - Vender pra inteirar o progresso.
- O que tinha de bom aqui já era. – Rafael pegou o dinheiro e
entregou a Hiago. – Agora manda a erva.
- Toma. – Entregou o pacote e pegou o dinheiro, Rafael sentou em
uma cadeira de rodas velha pegou uma folha e começou a preparar os cigarros
enquanto Hiago conferia o pagamento.
– Tem certeza que não vai querer loiro? – Deu um risinho enquanto
apontava um cigarro para Hiago.
– Desculpa, mas eu sou careta. Tudo certo, foi bom fazer negócios
com vocês e até a próxima. – Disse virando as costas e deixando a sala.
No corredor Hiago
andava o mais rápido possível sem olhar para trás, algo estava errado, o local
não inspirava confiança, do lado de fora os Urutaus se agitaram nas árvores,
alguns levantaram voo entrando no hospital e passando rente a sua cabeça.
- Malditos pássaros. – Tentou se proteger da revoada de pássaros e
não percebeu algo que tomava forma nas suas costas, só sentiu um forte golpe na
cabeça que o deixou atordoado, e antes de conseguir entender o que estava
acontecendo percebeu que estava sendo arrastado, puxado pelos pés para algum
lugar do hospital, o sangue nos olhos turvou sua visão.
Rafael
e Edu já haviam terminado de fumar os cigarros e agora andavam pelo corredor em
direção ao buraco que haviam usado como entrada.
- Essa erva era da boa. – Edu tentava agarrar algo imaginário no
ar. - Muito boa mesmo.
- O que você está fazendo?
- Smurfs com asas, eles são rápidos, quero um.
- Cala boca e vamos embora, vai passa. – Ele empurrou a bancada de
proteção para o amigo passar. – Minha vez, segura firme ai agora.
Depois
de sair eles vedaram bem o lugar com a velha pia, deram a volta e chegaram à
rua, impossível retirar aquela pia, pelo menos para alguém que estivesse dentro
do hospital
Algum tempo depois Hiago
retomava a consciência, estava imóvel deitado em uma cadeira, braços e pés amarrados,
a boca aberta por um suporte, sentia o gosto de sangue e ferrugem se
misturando, podia sentir também a presença de mais alguém, uma luz se
aproximava, uma lanterna, enquanto a luz vacilante chegava perto seus fachos
iluminavam o local.
Ele
olhou de relance e a sua direita suportes metálicos de seringas brilhavam nos
espaços que o ferrugem ainda não havia preenchido, na sua linha de visão um
refletor cirúrgico coberto de fuligem, restos de alicates em uma bandeja, canos
a amostra na parte do teto que ainda estava inteira, a lanterna que se movia a
sua frente foi encaixada totalmente sem jeito no meio do refletor, agora seu
rosto estava iluminado.
Hiago
não conseguia controlar seu corpo, seus movimentos, tremia, a sombra sinistra
se movia lentamente por trás da lanterna, era enorme e exalava um cheiro
insuportável que deixou o ar rançoso, parou do seu lado e pegou um alicate daqueles
encontrados em caixas de ferramentas. Hiago tentou gritar, mas não conseguiu,
apenas produzia sussurros incompreensíveis, gemidos, o alicate foi enfiado em
sua boca, lágrimas inundaram seu rosto, sentiu a pressão feita próxima a
língua, a força foi tamanha que um de seus dentes foi destruído, não tinha
problema, um outro dente foi alcançado pelo alicate, torcido lentamente e
arrancado de uma só vez, se contorceu de dor e o sangue foi inundando sua
garganta para logo jorrar de sua boca, vomito misturado com sangue e restos de
dentes, um a um todos os seus dentes foram arrancados.
Ele
sucumbiu a dor e já não tinha mais forças para lutar, a criatura que o torturou
foi na direção das sombras e sumiu, Hiago ainda lutava para se manter acordado,
estava perdendo os sentidos, pelo menos havia acabado, ele não tinha mais a
noção do tempo, não sabia precisar se haviam passado apenas minutos ou horas
até a criatura voltar, e então Hiago pode ver o seu rosto, era um homem
assustador, visivelmente desequilibrado, durante todo o tempo nada falou.
A mão
esquerda do homem estava cheia de pequenas moedas que reluziam quando passavam
pelos fechos de luz, ele pegou uma e levou em direção da boca de Hiago e cravou
em sua gengiva, depois outra e outra, de um canto a outro, fez a mesma coisa na
parte de cima, recolheu os dentes na bandeja e saiu, Hiago não conseguiu mais
controlar, estava perdendo os sentidos lentamente, fechou os olhos e ouviu passos
ao longe se distanciando no corredor, passos que se misturavam ao canto
melancólico dos Urutaus e agora tudo era escuridão.
Na Rua
Rafael e Edu já tinham se recuperado dos efeitos das drogas quando foram abordados
por uma viatura.
- O que vocês estão fazendo na rua há essa hora?
- Nada, só dando uma volta. – Falaram ao mesmo tempo, tentando
disfarçar.
- Eu levo vocês em casa, alguns bandidos fugiram da prisão essa
noite, incluindo um louco conhecido como “fada dos dentes”.
- Fada dos dentes? – Perguntou Rafael enquanto entrava no carro.
- Eu vou explicar. – Falou o policial.
muito massa boy ta de parabéns seu blog
ResponderExcluirmaaaaasa á historia
ResponderExcluiressa não é a fada dos dentes que eu conheço ))parabéns
ResponderExcluirmuito boa
ResponderExcluiré o bixo
ResponderExcluirGostei da história ! parabéns
ResponderExcluirAnuncie é grátis
Deveria divulgar mais seu blog, li várias histórias e depois vim comentar, essa é uma das melhores.
ResponderExcluirmassa
ResponderExcluirMuito foda
ResponderExcluirboa narrativa escreve mais.
ResponderExcluirParabéns você escreve muito bem.
ResponderExcluirBoa narrativa, tá de parabéns.
ResponderExcluirmedinho
ResponderExcluirótimo
ResponderExcluirXoouuu
ResponderExcluirParabéns. é totalmente envolvente.
ResponderExcluirGosti {) menos do final
ResponderExcluirE aí o que aconteceu depois?
ResponderExcluirbem original
ResponderExcluirNossa que foda *---*
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